As fake news devem ser objeto de preocupação dos bibliotecários, ainda
que a sociedade brasileira nada espere da parte deles?
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Rascunhei esta fala enquanto findava a leitura da primeira parte da “Divina Comédia”.[1] Ao contrário do presumido, o inferno de Dante trata muito mais das desventuras terrenas que das desgraças infligidas aos impenitentes na vida futura. De tempos em tempos, mergulho nessa obra. E numa excitação quase lasciva, me interrogo em qual dos noves círculos de sofrimento seria lançado se batesse as botas agora de relampejo.
Fonte: Biblioo
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Rascunhei esta fala enquanto findava a leitura da primeira parte da “Divina Comédia”.[1] Ao contrário do presumido, o inferno de Dante trata muito mais das desventuras terrenas que das desgraças infligidas aos impenitentes na vida futura. De tempos em tempos, mergulho nessa obra. E numa excitação quase lasciva, me interrogo em qual dos noves círculos de sofrimento seria lançado se batesse as botas agora de relampejo.
Nos meus 41 anos de vida, já pernoitei por quase todos. Nessa última releitura, afetado pela pauta política envolvendo fake news,
suspeitei de que todos nós, bibliotecários, sem exceção, corremos o
risco de sermos condenados ao oitavo círculo situado no fosso de mesmo
número. Este é o endereço no inferno onde vivem os maus conselheiros.
Estes pecadores da língua, que pouco ou
nada fizeram para evitar a fraude, passarão a eternidade cobertos de
lavas, atemorizados pelas trovoadas estridentes. Boa paga para quem,
tendo por matéria-prima a palavra, caiu em tentação, produzindo,
publicizando ou, simplesmente, se silenciando diante de mentiras ou de
meias verdades, em particular nesta geração, faminta por fake news.
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